Invasão Zumbi (Busanhaeng, 2016) | Crítica

18:46:00



Matheus R. B. Hentschke

Estação de trem. Um grupo de pessoas que recém escaparam de uma locomotiva cheia de pessoas infectadas descem a escada rolante a caminho da cidade e dos militares que a colocaram em quarentena. Porém, ao avistarem, ao pé da escada, um enorme contingente militar, percebem que os possíveis salvadores estão infectados e eis que a fuga recomeça outra vez em uma cena empolgante. Mas, isso não soa como um déjà-vu? Como algo já repetido à exaustão em outros filmes, séries e games?

A Noite dos Mortos-Vivos, The Walking Dead, Guerra Mundial Z, Resident Evil (filmes e jogos), The Last of Us e por aí vai... É indiscutível que o subgênero de zumbis está desgastado e que esse contexto é primordial para a análise de Invasão Zumbi, basta lembrar outro subgênero que sofre da saturação no mercado: futuros distópicos com um tom juvenil. Nesse contexto, qualquer película que entrou no fim desse boom mercadológico com qualidade mediana falhou, visto o exemplo da Saga Divergente que não conseguiu sustentar-se e não terá continuação nos cinemas. 

Entretanto, os zumbis apresentam um fôlego maior para encher os cinemas e Invasão Zumbi não será afetado em bilheteria, inclusive está sendo um sucesso comercial que ganhará um remake de Hollywood (eles estão cada vez mais rápidos). O problema é outro: ter de fazer mais para agradar menos do que seus antecessores. Não basta mais uma sequência de ação com um misènscene ajeitado, precisa ser ousado, diferenciado. Não basta mais a velha corrida de uma horda faminta de zumbis para chocar, pois isso já foi visto. Nem mais o uso desse subgênero como uma discussão de viés social, visto que tal fonte já foi usada a exaustão.

Logo, quando Invasão Zumbi tem um início mais cadenciado, de uma eficiente construção de personagens no trem com seus passageiros, há a expectativa de que o diretor Sang-ho Yeon vá tentar guiar o espectador por um caminho diferente. Ledo engano. Após esse ato inicial, os mesmos recursos são usados: inicia-se uma infecção generalizada após a entrada de uma passageira contaminada, mortes randômicas, lutas, fugas, tentativas de soluções que são frustradas por mais zumbis... Tudo soa como uma repetição, de que tudo é previsível e de que a sensação de indiferença é inevitável para com aqueles sobreviventes.




Ainda que haja boas sequências de ação, como a que fora citada no parágrafo inicial, não é o suficiente para justificar essa obra, que fosse ela um produto hollywoodiano, seria rotulada como um blockbuster caça-níquel. Sorte que é asiática, para ser considerada "cult" por muitos. 

No meio de toda essa sensação de repetição, eis que Invasão Zumbi inclui um erro diferente, já que no intuito de humanizar seus personagens, fazendo-os pessoas do cotidiano, com suas qualidades e falhas de caráter, Sang-ho Yeon cria momentos e diálogos forçados, que tentam externar as características de cada personagem com momentos que gritam por fazer com que o espectador se envolva nas supostas nuances de cada um daqueles exemplares humanos. Há o pai egoísta em contraponto à filha altruísta, há o empresário pragmático e sem escrúpulos e o herói juvenil. Todos terão de provar o seu caráter ao longo dos extensos 118 minutos de duração. Realmente, Invasão Zumbi não se justifica.


Nota: 6,0 / 10



Trailer:




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