Aliados (Allied, 2016) | Crítica Shortcut

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Matheus R. B. Hentschke

Robert Zemeckis, um dos grandes nomes do cinema blockbuster, tendo dirigido De Volta Para O Futuro (Back to the Future, 1985) e Náufrago (Cast Away, 2000), traz um trabalho bem distante daqueles que lhe consagraram. O enredo que traz Max Vatan (Brad Pitt) e Marienne Beausejour (Marion Cotillard) - uma dupla de espiões à favor dos Aliados na Segunda Guerra Mundial - e que após uma bem sucedida missão no Marrocos se casam, joga com a essência de filmes de espionagem: a dúvida, ao colocar em cheque a relação do casal quando os superiores de Max exigem que ele investigue a própria mulher, suspeita de ser uma espiã cumprindo missões secretas para os nazistas. 

O roteiro de fato traz uma trama simples, vista em incontáveis outras obras, porém o que realmente atrapalha na execução de Aliados é a falta de uma mínima audácia tanto por parte de Robert Zemeckis, quanto na trama arquitetada por Steven Knight, o roteirista. Excetuando-se uma ou outra cena de ação bem orquestrada pela direção ou alguns planos interessantes no telhado do prédio em que Max e Marienne estavam hospedados em Casablanca, Zemeckis produz uma direção de poucos ângulos interessantes, apesar das tentativas, parecendo mais um diretor iniciante que ganhou seu primeiro trabalho em uma grande produção e estava com medo de fazer algo a mais para não cometer erros. Ainda assim, alguns quesitos técnicos merecem destaque, como os belos figurinos elaborados por Joanna Johnston, colaboradora de longa data de Zemeckis, que inclusive lhe rendeu uma indicação ao Oscar 2017 merecidamente.




Já o enredo de Steven Knight é datado, ao não trazer nenhum elemento novo ao velho jogo de dúvidas e mentiras entre espiões e ao gênero de guerra. Sua história opta pelo dilema trivial, enquanto poderia desenvolver melhor seus personagens, que tinham um potencial que não foi revelado. Tudo é de fácil acesso ao espectador que assiste durante duas horas de duração uma obra que se sustenta primordialmente em sua verdadeira protagonista: Marion Cotillard. Ela mostra-se uma atriz segura em seu ofício ao trazer carisma e frescor a uma película que já em sua estreita soa obsoleta. Marienne Beasejour exala sua sensualidade, bem como seu caráter dúbio com a maestria de uma atriz completa, que merecia mais destaque. Quanto a Brad Pitt, seja pelas polêmicas que rondam sua vida pessoal seja pela direção um tanto preguiçosa de Zemeckis, parece um tanto distante em seu papel, sendo claramente ofuscado por sua parceira de cena, mas ainda assim não chega a entregar uma má atuação, longe disso, só um tanto fria, trivial como a obra que ele protagoniza.

Nota: 6,5 / 10

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